quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Ogham, Oráculo Ancestral e Escrita dos Druidas


Enviado em 13/12/2009


O Ogham (se pronuncia "Ouam") é uma escrita "simbólica" e sagrada que serve como fonte de divinação, usado como correspondência alfabética pelos Druidas (isso com menos frequência, pois além de não ser tão prática como escrita, existem poucas evidências neste sentido) e/ou como signos, pois cada Árvore das Fedha (plural de Fid = nome dado à peça do Ogham, por exemplo: uma Fid, duas Fedha...), que corresponde a uma determinada data (dia/mês), sequencialmente, distribuídas.



Geralmente, feitas de troncos medianos cortados de Árvores ou em Pedras e hoje adaptadas como cartas iguais a do Tarot. O nome Ogham provém do Deus Ogmios ou Ogma (protetor da eloquência e do conhecimento), vencedor das Tuatha de Dannan.

Acredita-se que o nome pode ter sido elaborado a partir da palavra "Mago" (ogam ao contrário), que corresponde à terceira letra do alfabeto grego e que invertido se converte em "Mag", palavra utilizada pelos iranianos para designar seus próprios sábios.

Esta palavra evoca àqueles que possuem o conhecimento do Fogo e está relacionada com o poder do som, isto se relaciona com o fato do Druidismo ter sido, a princípio, uma tradição passada aos seus descendentes oralmente, pois os Celtas acreditavam que era melhor "viver na morte do que morrer em vida", ou seja, conhecimento escrito era tido como palavra morta, tal como nas lápides dos cemitérios, por exemplo.

Para os Druidas a tradição oral realça a fidelidade para com a tradição universal, o poder da palavra, do verbo criador e das evocações mágicas. Eles, também, acreditavam que o conhecimento seria mais bem enraizado, se passado "artisticamente".






Isso faz muito sentido, se levarmos em consideração que recordamos com muito mais facilidade da letra de uma música que se escutou há muito tempo ou de uma poesia recitada por alguém, do que o que foi lido em algum livro. A mente absorve com mais facilidade o conhecimento através destes meios. Seria isto uma herança de nossos antepassados Druidas, remanescentes em nosso "DNA ancestral"?

A ciência esotérica nos ensina que cada som produzido no mundo visível, desperta um som correspondente nas esferas invisíveis e põe em ação, uma força no lado oculto da Natureza.

O Ogham é distribuído em Quatro "aicmes" de Cinco Fedha cada uma:

- Aicme Beithe (derivado da palavra Beith = Árvore Bétula),

- Aicme hÚatha (derivado da palavra hÚath = Árvore Pilriteiro),

- Aicme Muine (derivado da palavra Muin = Planta Videira),

- Aicme Ailme (derivado da palavra Ailm = Árvore Abeto).

Um "Quinto aicme adicional" chamado de Forfeda, foi elaborado no século XIII, após a descoberta de inscrições Oghâmicas em pedras verticais, concebido centenas de anos após a origem do Ogham. Alguns Druidas, mais conservadores, não as consideram genuínas e não as incluem em suas Fedha.

As primeiras inscrições Oghâmicas foram encontradas na Irlanda e Grã-Bretanha há, aproximadamente, 600 A.C. Evidências arqueológicas apontam suas origens aos povos Indo-Europeus, na Europa Oriental. Já as evidências botânicas, que estudam a distribuição das Árvores do alfabeto Ogham, apontam para o Vale do Rio Reno e para a região da cultura de "La Tène", considerada o berço da cultura Celta.

Os símbolos das Fedha lembram galhos de Árvores, tendo uma linha traçada ("flesc") na vertical, horizontal e na transversal e tem de um a cinco traços que lhe "cortam" o centro, formando os desenhos que foram elaborados após tempos de observação e estudos do "comportamento" das Árvores e a cada uma delas atribuída. Tipo, como elas cresciam, perto do que elas cresciam, o formato de suas folhas, flores, frutos, sementes, suas formas, seus tamanhos, suas atribuições de acordo com as estações, sua sensibilidade ou resistência à luz do dia, ao frio, ao calor... Enfim, a característica oracular designada a cada Árvore do Ogham, está bastante ligada ao seu comportamento durante sua vida.




Muitas Árvores eram usadas para confecção de armas convencionais provenientes da época como: arco e flecha, lanças, catapultas, etc. Também como barcos, palafitas (habitações pré-históricas) ou como "ancoradouros" para os barcos.

A ligação dos Druidas com as Árvores se dá ao tratamento de respeito e a troca que se praticava nos tempos antigos, sabendo-se que a madeira era o seu único combustível. Também, era usada na construção de casas e a madeira, utilizada com respeito e honra, compreendida como sagrada e mantedora da vida. Algumas tribos Celtas tinham suas Árvores líderes, que ficavam em pontos de grande honra, eram temidas e consultadas pela tribo que se comunicava com suas características místicas.

Agora falemos do Ogham, especificamente, como ferramenta sagrada de divinação que um dia foi utilizado pelos grandes Druidas ancestrais para prever as tempestades e as colheitas. Além, para a escrita mágica, pois se acreditava que era usada para que os Druidas se comunicassem entre eles de modo que só eles soubessem do que se tratava. Mandavam mensagens pelas águas dos rios com galhos entrelaçados, acrescentando as letras do Ogham e deixando mensagens subliminares.

Hoje, além de ser usada, principalmente, como fonte de divinação, serve como um caminho para o autoconhecimento e força interior, de modo a nos conectar com nossa ancestralidade e Inspiração, como parte da centelha divina que flui da Terra Mãe e de toda Criação.

Awen /|\

FONTE: http://www.templodeavalon.com/modules/articles/article.php?id=56


Alfabeto Ogham


Continuando as postagens sobre os Celtas (e sua religião), o tema de hoje é o Alfabeto Ogham, conhecido também como o alfabeto das árvores, servindo para adivinhações e magias. Era utilizado, na maioria das vezes, como forma de comunicação pelos druidas e em inscrições de lugares sagrados ou cemitérios. Seu conhecimento era transmitido de geração em geração. Segundo a crença celta, o alfabeto era mágico e foi criado pelo deus irlandês Ogma. Cada letra do Ogham representava uma árvore, que era sagrada e habitada por deuses e deusas.

O Ogham era escrito em cima de uma linha horizontal, da esquerda para a direita, de baixo para cima e formado por 20 letras que são alocadas em cinco grupos de quatro sons, chamados Beithe, Huath, Muin, Ailme Koad.

As letras são chamadas de Fedha (madeira), e cada um dos grupos é chamado Aicme (raça). Cada grupo é conhecido pela primeira letra. O alfabeto não possui caracteres separados, somente grupos de cinco sons, que são representados por linhas, de um à cinco), traçadas de diversas formas. Originalmente continha apenas quatro grupos, e posteriormente foram adicionados mais quatro símbolos, chamados de forfeda.
Abaixo, o significado de cada letra:




1º grupo: Aicme Beithe


B – Beithe
Sua árvore correspondente é a Bétula e a letra significa renovação, purificação, limpeza energética, proteção contra espíritos negativos, restabelecimento, mudanças, conhecimento e sabedoria.


L - Luis
Sua árvore correspondente é a Sorveira Brava e a letra significa equilíbrio e controle emocional, proteção contra sedução e encanto de energias negativas de outras pessoas.


F – Fearn
Sua árvore correspondente é o Amieiro e a letra significa a ligação entre a terra e a água, a concretização das emoções.


S – Saile
Sua árvore correspondente é o Salgueiro e a letra significa luz em meio à escuridão, visão dentro de situações confusas e limpeza de energias negativas e estagnadas.


N – Nin
Sua árvore correspondente é o Freixo e a letra significa ligação entre os mundos, realização de objetivos, estabilidade e renascimento diante de velhas situações.


2º grupo: Aicme Huath


H – Huath
Sua árvore correspondente é o Pilriteiro e a letra significa inspiração e sabedoria feminina, segredo, sexualidade, amor entre casais com proteção.


D – Dur
Sua árvore correspondente é o Carvalho e a letra significa contato com outro mundo, facilidade em perceber os outros planos da existência.


T – Tine
Sua árvore correspondente é o Azevinho e a letra significa poder de transformar e suportar dor com equilíbrio, energia para superar obstáculos, determinação, coragem e força.


C – Coll
Sua árvore correspondente é a Aveleira e a letra significa adivinhação, intuição, sabedoria e magia protetora.


Q – Quert
Sua árvore correspondente é a Macieira e a letra significa portal para o renascimento, amor, fertilidade, respeito e restabelecimento.


3º grupo: Aicme Muin


M – Muin
Sua árvore correspondente é a Amoeira Silvestre e a letra significa revelação da verdade, confraternização e aprendizado de situações difíceis de serem vivenciadas.


G – Gort
Sua árvore correspondente é a Hera e a letra significa força e determinação que podem ser atingidas através de estados de fraqueza e fragilidade.


Ng – Getal
Sua árvore correspondente é o Bambu e a letra significa força da palavra escrita, empenho, determinação e preservação.


St – Straiff
Sua árvore correspondente é a Ameixeira e a letra significa autoridade espiritual, sabedoria e conhecimento.


R – Ruis
Sua árvore correspondente é o Sabugueiro e a letra significa mistérios do outro mundo e proteção contra energias negativas.


4º grupo: Aicme Ailm


A – Ailm
Sua árvore correspondente é o Olmo e a letra significa flexibilidade para mudanças, tolerância, cura de males físicos e emocionais, previsão e profecias.


O – Onn
Sua árvore correspondente é o Tojo e a letra significa crescimento, nascimento, fertilidade e transformação de situações confusas.


U – Ur
Sua árvore correspondente é o Urze e a letra significa boa sorte, alegria, contentamento, segurança e purificação.


E - Eadha
Sua árvore correspondente é o Álamo e a letra significa proteção contra doenças físicas e emocionais, longevidade e vitória sobre desafios.


I – Iubhar
Sua árvore correspondente é o Teixo e a letra significa renascimento, desenlaces, sabedoria espiritual, morte, transformação e reencarnação.


5º grupo: Aicme Koad


EA – Koad
Sua árvore correspondente é o Grove e a letra significa existência, percepção de situações obscuras e iluminação pessoal.


OI – Oir
Sua árvore correspondente é aEvônimo e a letra significa bênção e purificação, realização pessoal, deveres e desenvolvimento de relacionamentos.


UI – Uilleand
Sua árvore correspondente é a Madressilva e a letra significa atração, êxtase, os prazeres que levam ao aprendizado, proporcionando segurança.


IO – Pin
Sua árvore correspondente é o Pinheiro e a letra significa preservação, pensamento claro eliberação de culpas.


AE – Phagos
Sua árvore correspondente é a Faia e a letra significa concentração, clarividência e purificação.


O Ogham como oráculo

Na Wicca muitos bruxos conhecem e usam o alfabeto como forma de oráculo. Em lojas esotéricas ou feiras místicas é possível encontrar o Ogham confeccionado em cristais ou outros materiais, mas o consulente pode fazer o seu, utilizando pedaços de madeira para desenhar as letras.

Como o alfabeto é um pouco difícil de interpretar, é necessária uma certa experiência. Geralmente em jogos comprados em lojas, as letras acompanham um folheto explicativo sobre as formas de consultar o oráculo. Um jeito fácil de utilizar o alfabeto como oráculo é colocar todas as letras (que podem ser confeccionadas em cristais) dentro de um saquinho de veludo, pensar em alguma pergunta e retirar uma letra. A que sair serve como interpretação e resposta à pergunta. Existem outros métodos mais complicados de jogar, mas sinceramente eu não conheço direito, então prefiro estudar mais um pouco e escrever aqui quando eu realmente tiver um bom conhecimento de todos os métodos.


A consagração do Ogham também é um pouco diferente dos demais oráculos. No livro Bruxas, a autora e bruxaLady Mirian Black explica detalhadamente como consagrar e usar o alfabeto, além do significado de cada letra. Não quis postar aqui por questões de plágio e direitos autorais, mas recomendo esse livro para todos que quiserem conhecer um pouco mais não só sobre a escrita, mas sobre toda a civilização Celta. Recentemente postei uma entrevista sobre a autora, que você confere aqui.



Bibliografia consultada:
Sabedoria e Magia dos Celtas - Princípios do Druidismo, Ana Elizabeth Cavalcanti da Costa, Editora Berkana, 2003.
Bruxas, Lady Mirian Black, Editora Ícone, 2012.Almanaque Wicca 2014 - Guia de Magia e Espiritualidade, Dylan Siegel, Editora Pensamento, 2014.

FONTE: http://condadoencantado.blogspot.com/2016/03/alfabeto-ogham.html

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